sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Breve Resumo do Artigo do Professor Luis Fructuoso Martinez para o Nº3 da Revista

“Faz o que eu te digo, não faças o que eu faço”… Todos nós conhecemos esta expressão popular de cariz moralista. Inerente a ela está a constatação de que “o que eu faço” poder incluir comportamentos desviantes que vão contra o suposto ideal racional preconizado por “o que eu te digo”. No fundo, estão em confronto duas perspectivas de actuação: a normativa – centrada na natureza da racionalidade e na lógica da tomada de decisão –, e a descritiva, que procura retratar os comportamentos reais das pessoas.

Somos permanentemente confrontados com a questão da (ir)racionalidade das nossas escolhas. É enorme a pressão (social, profissional, familiar, e até individual) para tomarmos decisões óptimas. O actual cenário de crise parece acentuar ainda mais essa tendência, dado que a escassez de recursos faz-nos pensar mais a fundo nos inúmeros apelos dos media à racionalidade no consumo e à gestão criteriosa dos nossos gastos e do nosso tempo. No entanto, frases como “é o último cigarro…”, ou “amanhã acabo o relatório…”, ou “estes sapatos ficam-me tão bem, deixa-me levá-los…” preenchem o nosso quotidiano. Ou seja, na prática, as nossas escolhas e comportamentos estão muito longe da perfeição.


Breve Resumo do Artigo da Psicóloga Clínica Dra Paula Barbosa

PSICOTERAPIA: ILUSÕES, DISTORÇÕES E FANTASIA

A Psicologia vem ganhando terreno na sociedade portuguesa, sendo hoje comum a procura de profissionais habilitados a interpretar e trabalhar os mais diversos sintomas psicológicos.

Apesar da controvérsia em torno da reduzida contratação de psicólogos pelas instituições públicas, são frequentes os referenciamentos por parte de professores e educadores, e igualmente crescente a sensibilização da população em geral perante o sofrimento psíquico.

Num efeito paradoxal encontramos no entanto indivíduos que, cientes da necessidade de ajuda psicológica, recusam-na ou manifestam-se assustados em tomar a iniciativa de marcação da consulta. Denotam-se ilusões, distorções e fantasias em torno do processo psicoterapêutico, algumas delas expressões do funcionamento da personalidade, e outras mitos decorrentes da especulação ao nível do senso comum. Sem dúvida que a intervenção em Psicologia acontece ao nível de conceitos subjectivos e nem sempre fáceis de explicar à população em geral. Familiares e amigos desesperam para convencer os seus entes queridos a receber a ajuda técnica que lhes parece que estes necessitam. Embora esta pressão paute, em certas vezes, pelo exagero face à gravidade do sintoma, certo é haverem resistências pelo desconhecimento do que o processo implicará, daí o alívio quando se ultrapassa a barreira do desconhecido e, ao fim de algumas sessões, se compreende que o medo seja injustificado.


Breve Resumo do Artigo da Psicoterapeuta e Investigadora Professora Doutora Clara Pracana

LIBERTINOS E LIBERDADES

Clara Pracana

O tema “liberdade” trás-me à ideia um outro, o dos libertinos. Tenho uma certa estima por eles, ou pelo menos pelo imaginário que a eles associo, alimentado certamente, concedo, pelas memórias de Casanova. Gente viva, amante da liberdade, do prazer e dos prazeres, e não os zombies entre o metrossexual e o assexuado que por aí pululam, neste nosso tempo em que parece que a hipersexualidade obrigatória está a sufocar o erotismo. Mas por que lhes chamaram libertinos?

Libertino tem a mesma raíz de livre, obviamente. Um homem livre para os gregos e para os romanos era o que não era servo. O que conferia direitos e obrigações. Um cidadão, portanto, que não estava sujeito aos constrangimentos do escravo. Era na polis, e pela polis, que essa condição era possível. Em casa (oikos), espaço das mulheres, crianças e escravos, era a necessidade que imperava. Asseguradas as necessidades em casa, era na esfera do público que o cidadão (que tinha de ter casa) se realizava e realizava o fim para que os homens tinham criado a polis: a liberdade de se autogovernarem e a eudomonia (tradução aproximada: felicidade).

Nos séculos que se seguiram, as esferas do público e do privado foram-se confundindo. Hannah Arendt, especialista nesta fascinante questão, chama a atenção para o facto de Maquiavel, num esforço de dignificação da política, ter sido provavelmente o primeiro a aperceber-se da coragem que tinha sido necessária para trespassar o privado e passar para a polis. Tinha ele morrido há pouco anos, quando Jean Calvin, conhecido entre nós por Calvino, perseguido pelos católicos, teve de fugir da França, seu país natal, para a Suiça. A liberdade religiosa não existia na Europa, nem foi com Calvino que passou a existir. Mas isso é outra história que não vem ao caso. O que é curioso, é que é este Calvino que cunha, pejorativamente, a palavra “libertino”.

Quem eram estes libertinos?

Breve Resumo da Arigo do Nuno Nodin para a Revista Nº 3

As mentiras da infidelidade


Se a infidelidade é um facto da vida das relações afectivas, então como gerir a mentira implícita a este contexto, aquela que serve para salvaguardar a relação? É importante considerar que os próprios conceitos de fidelidade e de infidelidade não são unívocos. Por exemplo, se fidelidade para muitas pessoas implica não ter qualquer tipo de relação sexual com uma terceira, como se define então relação sexual? Será o sexo oral uma relação sexual? E o beijo? E a masturbação assistida? O que dizer então da infidelidade emocional e psicológica? Até que ponto se está a ser infiel quando se partilha com alguém com quem não temos uma relação “oficial” de casamento ou namoro as nossas inseguranças, sonhos, desejos e fantasias? Não é isso, afinal, apanágio daqueles com quem partilhamos uma qualquer conjugalidade?



Artigo José Manuel Fonsca para o 3 número

Cartas Fora do Baralho

Liderança Autêntica
Não podemos sacudir as nossas culpas na presente crise. E, as culpas, são várias e de natureza diversa. Que vivemos acima das nossas possibilidades parece insofismável. Que preferimos olhar para o lado quando vozes nos sopravam que “isto” não poderia continuar “assim” por muito mais tempo. Preferimos encolher os ombros e não ver o óbvio. Preferimos partilhar o optimismo artificial e insensato. Preferimos ignorar a desonestidade intelectual. Preferimos entrar naquele delírio tão nacional de esperar o melhor e prepararmo-nos para o espectacularmente formidável.