“Faz o que eu te digo, não faças o que eu faço”… Todos nós conhecemos esta expressão popular de cariz moralista. Inerente a ela está a constatação de que “o que eu faço” poder incluir comportamentos desviantes que vão contra o suposto ideal racional preconizado por “o que eu te digo”. No fundo, estão em confronto duas perspectivas de actuação: a normativa – centrada na natureza da racionalidade e na lógica da tomada de decisão –, e a descritiva, que procura retratar os comportamentos reais das pessoas.
Somos permanentemente confrontados com a questão da (ir)racionalidade das nossas escolhas. É enorme a pressão (social, profissional, familiar, e até individual) para tomarmos decisões óptimas. O actual cenário de crise parece acentuar ainda mais essa tendência, dado que a escassez de recursos faz-nos pensar mais a fundo nos inúmeros apelos dos media à racionalidade no consumo e à gestão criteriosa dos nossos gastos e do nosso tempo. No entanto, frases como “é o último cigarro…”, ou “amanhã acabo o relatório…”, ou “estes sapatos ficam-me tão bem, deixa-me levá-los…” preenchem o nosso quotidiano. Ou seja, na prática, as nossas escolhas e comportamentos estão muito longe da perfeição.
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